O Dia Mundial de Combate ao Bullying, 20 de outubro, apesar de estar longe a data comemorativa, o alerta precisa ser dado constantemente, devido ao sofrimento impingido nas crianças e adolescentes. É um momento oportuno para refletir e buscar soluções, reconhecendo que esse tipo de agressão é uma violação dos direitos das crianças e adolescentes à educação, à saúde e ao bem-estar. A data tem o intuito de fortalecer parcerias e iniciativas que acelerem o progresso para prevenir e eliminar esse tipo de violência.
O bullying em ambientes educacionais é uma realidade cotidiana e nega a milhões de crianças e jovens o direito humano fundamental à educação. Uma estimativa da Plan International sugere que 246 milhões de crianças e adolescentes sofrem violência dentro e ao redor da escola todos os anos.
No Brasil, na última Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) realizada em 2019, cerca de 23,0% dos estudantes se sentiram humilhados pelos colegas duas ou mais vezes nos 30 dias anteriores à pesquisa. As meninas foram quem mais mencionaram os ataques e os motivos mais frequentes foram: aparência do corpo, aparência do rosto e cor ou raça. Também são alvos constantes de bullying alunos percebidos como não conformes às normas sexuais e de gênero predominantes. Atuaram como autores de bullying 12,0%, com proporções maiores entre o sexo masculino do que feminino. Em relação ao cyberbullying, 13,2% dos escolares já foram intimidados nas redes sociais. O bullying pode afetar a todos que participam, sejam alvos, testemunhas ou mesmo agentes de bullying.
Crianças e adolescentes que são alvos de bullying podem experimentar problemas de saúde física, psicológica, social e acadêmica. São mais propensos a experimentar: depressão, ansiedade, aumento dos sentimentos de tristeza e solidão, mudanças nos padrões de sono e alimentação e perda de interesse em atividades de que costumavam gostar. Diminuição do desempenho acadêmico deve ser sempre um sinal de alerta e está associada a risco aumentado de abandono escolar.
O bullying e o cyberbullying, quando associados à depressão, negligências e outras violências, levam a maior chance de autolesão não suicida e suicídio. O risco pode aumentar ainda mais quando os alvos não são apoiados pelos pais, colegas e escolas.
* Fonte: Blog Pediatria Orienta da Sociedade de Pediatria de São Paulo
*Texto: Elizete Prescinotti Andrade
Presidente do Departamento Científico de Adolescencia da SPSP
Data de Publicação: segunda-feira, 20 de março de 2023