HEPATITES VIRAIS E A VISÃO
Que tipos de hepatites existem e o que elas são?
Podendo ser resultantes de doenças autoimunes, genéticas e metabólicas, pelo uso de remédios, drogas, álcool ou mesmo por transmissão entre indivíduos, as hepatites se dividem em alguns tipos, sendo A, B e C, sendo os 3 tipos mais comuns, além dos tipos D (delta), E, hepatite autoimune e hepatite alcoólica. Independentemente do tipo, todas se tratam da inflamação do fígado.
De todos os tipos, a hepatite C é o mais temido da doença, afinal, em cerca de 75% dos casos de contaminação ela evolui para um quadro crônico, podendo acompanhar o paciente até o fim da vida.
Quais os principais sintomas das hepatites?
Dentre os sintomas mais comuns, há dores abdominais, náuseas e enjoos, vômito, febre, fadiga e um importante sinal, o amarelamento da pele ao redor dos olhos, o que motivou a escolha do nome da campanha, Julho Amarelo. Entretanto, nos casos de hepatites C, os sintomas mais corriqueiros são bem parecidos, podendo também apresentam quadros de sangramento no esôfago ou estômago.
Como preveni-las?
A forma mais eficaz de prevenir uma série de doenças assim como as hepatites é manter a sua caderneta de vacinação em dia, além de a vacina contra a mesma ser fornecida gratuitamente pelo SUS em postos de saúde espalhados pelo país.
As hepatites e a visão:
Tratando-se da visão, os olhos servem de alerta para um diagnóstico precoce das hepatites. É através deles que uma série de complicações se apresentam, como a ceratoconjuntivite seca e a síndrome do olho seco. Além disso, diferentes síndromes podem surgir, como a Sjogren ou até ulceração corneana periférica.
As alterações da superfície ocular no HCV são descritas há decadas. Haddad et al. demonstrou alterações em 57% dos pacientes com HCV X 5% dos controles. Existe também associação entre envolvimento da glândula salivar com confirmação histológica de síndrome de Sjogren relacionada ao HCV. Gomes et al. detectaram doença de superfície ocular em pelo menos um dos olhos em 88% dos pacientes infectados, com alterações na coloração com rosa bengala e no teste de tempo de ruptura do filme lacrimal (BUT), além da alteração da sensibilidade corneana.
Outra alteração associada à infecção por HCV é a presença de ulceração corneana periférica (úlcera de Mooren). A melhora clínica da úlcera de Mooren durante o tratamento para hepatite C também sugere a associação entre as duas condições. A relação entre hepatite C e ceratite é controversa, mas muitos pesquisadores sugerem que pacientes sem doenças reumatológicas mas com reação inflamatória significativa na córnea periférica sejam testados para infecção por HCV.
Em relação as alterações da retina, Abe et al. reportaram retinopatia em 31.8% dos casos com HCV X apenas 6% dos controle. As alterações incluem hemorragias retinianas e manchas algodonosas, ambas atribuídas à isquemia que pode ser associada à vasculite sistêmica induzida pela infecção e obstrução arterial por leucoagregados. Alguns tumores orbitais e oculares como o linfoma de glândulas lacrimais e o plasmacitoma orbital são associados ao HCV. O linfoma de anexos oculares, um subtipo de linfoma MALT, também é associado.
Os tratamentos:
Alguns casos de hepatites mais comuns podem até mesmo desaparecer por conta própria dentro de poucos meses, mas realizar acompanhamento médico é essencial para o sucesso de todo tratamento. Para os casos mais avançados da doença, existem medicações antivirais, dietas personalizadas, muita hidratação e o abandono do uso de álcool por exemplo.
Caso não tratadas o mais brevemente possível, boa parte das complicações causadas pelas hepatites podem levar à perda de visão irreversível, por isso um bom profissional irá receitar testes relacionados à doença caso desconfie dos quadros citados anteriormente.
O conhecimento das manifestações do HCV nos olhos pode auxiliar na detecção precoce da infecção. É portanto extremamente importante suspeitar precocemente das alterações descritas para que seja feito o diagnóstico e instituído o tratamento precoce.